sábado, 20 de junho de 2009

AS NOSSAS RAIZES (AXÉ OPÔ AFONJÁ).(Força Sustentada por Xangô)



Eugenia Anna dos Santos (Aninha)
Iyá Óbá Biyi (foto menor)
Fundou o Ilê axé Opô Afonjá

Maria Bibiana do Espítito Santo(Senhora) (foto maior)
Mãe Senhora do Axé Opô afonjá

A primeira iyalorixá (mãe de santo) do terreiro de religião AFRICANA, denominada Sociedade Beneficiente Cruz Santa ...OPÔ AFONJÁ, fundado em 1910, chamava-se EUGENIA ANNA DOS SANTOS, nascida na Bahia na Freguesia de Santo Antonio, além do carmo, no dia 13 de julho de 1869,filha legítima de sérgio dos Santos (Aniyó) e Lucinda Maria da Conceição (Azambriyó), ambos africanos legítimos, descendentes da nação de GRUNCIS.


Fez Xangô na rua dos Capitães, em casa de Maria Júlia Figueredo (filha da primeira Iyá Nassô), juntamente com Marcelina da Silva (Obá Toxi) e tio Rodolfo Martins de Andrade (Bamboxê), conhecido também por essa OBITIKÔ.


Passados alguns anos, e chegaso o tempo de fazer as obrigações determinadas pelos
orixás para que ela tivesse poderes suficientes afim de exerceer o cargo de uma zeladora do
Culto Afro na Bahia, ou seja, para que fosse a Iyalorixá do tradicional Axé de Ketu, de acordo
de acordo com a história, ficando conhecida por Iyá Obá Biyi. Eis porque, mesmo sendo des-
centente na nação Gruncis, fez ogodô e Afonjá na nação Ketu.

Tempos depois, devido a ter encontrado muitos tios e tias africanos de grande conheci-
mentos da religião, com eles tendo estudado, e já estar bastante preparada, foi convidada
para tomar parte no Candomblé do Engenho Velho (Casa Branca), onde fez a iniciação de uma senhora de Oxum, conhecida por Paula, juntamente com tio bamboxê, seu Babalaô.


Daí, aconteceram certos desentendimentos lá pelo Engenho Velho que obrigou Aninha a
reunir todo seu pessoal, e foi pra uma roça no Rio Vermelho, chamada (camarão), onde funcionava o terreiro de tio Joaquim Vieira (Obá Sãyá). Filho de Xangô, conhecido também
por essa Oburô, um dos maiores conhecedores das religiões africanas na época, na Bahia e
amigo inseparável de tio Bamboxê.


Mãe Aninha passou um tempo junto a eles, e fizeram a iniciação de Silvania, filha de Airá,
Ambrosina de Oxum e Andreza de Oxalá. Em seguida foi para outro terreiro no mesmo bairro, conhecido como (Santa Cruz). Durante todos esses anos ela morava na rua Capitães, onde fez a iniciação de uma iyawô de Oxalá por nome de Rosalinda. Mudando-se pouco tempo depois ou seja, em 1903, para o Cerriachito, quando fez a iniciação das seguintes iyawôs: Salustiana de Airá e Dasdores de oxossí.


Quatro anos deppois, no começo de 1907, Obá Biyi (Aninha) já estava morando na Ladeira
da Praça e no dia 4 de novembro do mesmo ano, juntamente com José Theodoro Pimentel, que
ficou como Balé Xangô do terreiro depois da morte de tio Bamboxê Obitikô, fez a iniciação das seguintes iyawôs: Feliciana de Ogum, Etevelvina de Nanã, Maria Bibiana do Espirito Santo (senhora) de Oxum, Maria Domingas de Oxum, Elvira de Xangô e Felicia do Espirito Santo
(irmã de senhora) de Xangô. dias depois entraram: júlia de Ogum, Alexandrina de Oxossi,
Isidória de Iansã, e , em seguida Roberta de Ogum, Mariquinha de Iemanjá e Miquelina de Iansã.


Passaram-se os tempos e três anos depois, mais ou menos em 1910, Aninha Iyá Obá biyi
residia na Ladeira do Pelourinho nº 77, junto á Igreja de N. senhora do Rosário, onde tinha posi-
ção de destaque, não só nas irmandades alí existentes, como também na Igreja da Barroquinha.
foi quando, por ordem de seu Eledá (ou anjo da guarda) Xangô, comprou uma roça no Alto de
São Gonçalo do Retiro, onde organizou seu terreiro denominado AXÉ OPÔ AFONJÁ, fazendo
uma grande casa para todos os santos e as pessoas velhas que a acompanhavam, e realizando a
inauguração do novo terreiro, com a iniciação de Agripina souza de Xangô. Agripina é hoje a
Iyalorixá do Axé Afonjá existente no Rio de Janeiro. Situado e funcionando em Coelho da Rocha,
Estado do Rio de Janeiro,Axé que lhe foi dado pela velha Aninha e que é uma espécie de sucursal
carioca do AXÉ OPÔ AFONJÁ, casa matriz de onde ela nasceu.


No dia 27 de Agosto de 1911, já com tudo um pouco organizado, foi feita a iniciaçao de
Vevelha da Oxum, e no dia 7 de Setembro, a de Inezinha de Oxalá e Faustina de Iansã. A essa
altura Iyá Obá Biyi já estava com 23 pessoas iniciadas por sua mão (sem contar com as que
foram iniciadas em casas particulares, e outras dentro do axé, cujos os nomes não chegaram ao
conhecimento do público por motivos ignorados), e com 20 homens entre Alabês, Axoguns,
Ogans etc... Existia também uma grande quantidade de pessoas sem postos na casa, que faziam parte e acompanhavam todo ritual do Axé. daí, iyá obá Biyi, com sua boa vontade, seu espirito
batalhador e a ajuda de todos que a acompanhavam, continuou a construir o Axé, fazendo casas
nos assentamentos já existentes para Exú, para Oxalá, para Iemanjá Ilé Iyá, onde Mãe Aninha
adorava Iyá Ilé Gruncis ( a mãe da terra de Gruncis na Africa ),outra para Obaluayê, a de oxossi
e a casa de ILÊ IBÓ IKU ( casa de veneração aos mortos ), que ficou situada perto de Obaluayê,
pelo lado de baixo da roça.


Em 1921, Iyá Obá Biyi, Aninha, foi para casa de José Theodoro Pimentel (balé Xangô ),
em Itaparica, fazer a iniciação da filha do dono da casa Ondina Váleria Pimentel, filha de Oxalá,
atual Iyá kekerê do Axé, de senhora filha de Xangô, filinha de oxum, júlia de iemanjá e Vivi de Obaluayê. Tirou esse barco de Iyawôs a ajuda da sua irmã de santo, Fortunata de Oxossi

(Dagan), mãe legítima de Silvânia, filha de Airá, a Iyamorô do referido AXÉ OPÔ AFONJÁ.


Três meses depois de obrigações dessas iyawôs, Iyá Obá Biyi voltou a Salvador, para sua casa, na Ladeira do Pelourinho, onde tinha uma quitanda bem sortida de todos os ingredientes africanos e brasileiros para seu uso e para vender também as demais pessoas que precisavam e procuravam comprar em suas mãos, para os devidos fins, nos respectivos terreiros de religiões africanas. Os
anos foram se passando, as festas e obrigações para os santos do Axé eram sempre feitas de acordo com o rito preciso, até mesmo quando ela viajava para o Rio de Janeiro e deixava o Axé
entregue aos cuidados da Iyamorô, Dagan, de Senhora de Oxum, que nessa época era Osí Dagan.
De volta a Bahia, reiniciando os frestejos de seus orixás, depois de ter feito obrigações para várias pessoas da casa já falecidas, de ter mandado desmanchar o referido barracão de palha situado em frente a casa de Oxalá, e construir um outro bem maior, mais acima, ao lado da atual porteira, com acesso ao terreiro, para as festas de Xangô, que são realizadas no dia 29 de Junho. Foi então que Mãe Aninha, com seus conhecimentos e autoridade, designou e confirmou os 12 Obás do Axé,
ou seja os 12 Ministros de Xangô, a tradição da religião só conservada na Bahia no Axé Opo Afonjá. Os Obás, alta dignidade do Axé, se divide-se em 6 Obás da Direita (Otun Obá), com voz e
voto, e 6 Obás da Esquerda (Osí Obá), estes apenas com direito de voz.



Os Obás da direita são os seguintes: Obá Abiodum, Obá Aré, Obá Arolu, Obá Telá, Obá Odofin,
Obá Kankanfo.


Os Obás da esquerda são: Obá Onãsokum, Obá Aresá, Obá Elérin, Obá Onikoyi,

Obá Olugbon,Obá Xôrun.

O restabelecimento da antiga tradição dos obás de Xangô, veio dar ainda maior prestigio ao OPÔ AFONJÁ e desmonstar as qualidades e conhecimento da Iyalorixá Aninha Obá Biyi.

Foi organizada então a Sociedade Civil com nome sociedade Benefiente Cruz Santa Opô afonjá, tendo como Presidente de Honra o Sr. Martiniano Elizeu do Bonfin (Ajimudá), e sendo a primeira
diretoria como se segui: Prtesidente Arkelão de Abreu (Obá abiodum), Vice-Presidente Miguel A.
de Sant`Anna (Obá Aré), Secretário Tibúrcio Muniz (Ogã Iie Ogum), Tesoureiro Jacinto Souza
(Obá Odofin).

No dia 3 de Janeiro de 1938, as nove horas, Iyá Obá biyi reconheceu a hora da morte, uma vez que, devido aos seus profundos conhecimentos,estava ciente de seu fim tinha até e tinha até roupas prontas para o seu enterro. chamou então seu neto Asobá (Obá Aré), Miguel A. de Sant ` Anna , e a Osí dagan a senhora. Chegaram imediatamente e se apresentaram ao lado da cama onde ela se encontrava. Obá abiodum, fica como Presidente da Sociedade, e você eu quero que
fique ao lado de Osí Adagan. Logo em seguida, ela virou a lingua e falou em iorubá, dizendo algumas coisa que nenhum dels entendeu. então ela disse: "Não sabem o que perderam". E pediu
que a levassem para casa de Iyá, onde depois de ter feito alguns preceitos com o cuidado e o auxilio da maior parte das suas filhas de santo que lá se encontravam, alguns Obás e ogãns também presentes. Aí perdeu a fala e veio a falacer as 15 horas, na presença de seu médico assis-
tente Dr. Rafael Menezes, que ainda chegou a tempo de vê-la dar seu último suspiro aos 69 anos de idade.

Depois de terem sido realizados todas as obrigações e preceitos de acordo com regulamento da religião, e estando tudo regularizado dentro do Axé Opô Afonjá. Maria Bibiana do Espírito Santo
(Senhora), filha legítima de Felix do Espírito Santo e de Claudiana do Espírito Santo, nascida no
dia 31 de Março de 1890, na Ladeira da Praça em Salvador. Ficou como era de direito, devido a
sua tradicional família da nação Axé Ketu, com o título de Iyalaxé Opô Afonjá (Mãe de Santo do
Axé opô Afonjá), dirigindo os destinos do terreiro juntamente com uma senhora filha de africanos,
muito amiga de Iyá Obá Biyi (Aninha), por nome de Maria da Purificação Lopes (Badá Olufan Deiyi).

As duas puseram o Axé a funcionar, e no dia 26 de Junho de 1939, deu-se a inauguração
da nova casa de veneração aos mortos, que foi construida para as obrigações da finada Aninha (Iyá Obá Biyi), junto ao cruzeiro que há no terreiro. Fizeram também a iniciação das seguintes pessoas : honorina de Ossãe, José e Hilda de Xangô, Senhorazinha e Dacruz de Oxum, Izabel de Iansã. Três dias depois, Fortunata e Antonieta de Obaluayê, Dulcina e Benzinha de Iemanjá. Entrou também com o espaço de três dias depois dessas, Estela de Oxossí. No mesmo ano de 1939, foi feita uma casa para Ogum, reiniciaram-se as obras do novo barracão da casa de xangô.

Em Agosto de 1952, chegou Pierre Verger da África, Trazendo um Xeré Edum Ara Xangô, que lhe foi entregue na Nigéria por Onã Mogbá, por ordem do Obá Adeniran Adeyemi, 2° Alafin Oyó,
para entregar Maria Bibiana do Espírito Santo (Senhora), juntamente com uma carta dando-lhe o título de Iyá Nassô, título que foi confirmando no barracão do Axé Opô Afonjá, no dia 9 de Agosto
de 1953, com a presença de todos os filhos da casa, comissões de vários terreiros, intelectuais,
amigos da religião, escritores, jornalista etc. Esse fato marca o reinicio das antigas relações religiosas entre África e Bahia, continuadas e ampliadas posteriormente, mantendo Mãe senhora um permanente intercâmbio de presentes e mensagens com Reis e personalidades da religião na África.


No dia 4 de Novembro de 1958, Senhora como é mais conhecida a Iyalorixá Iyá Nassô,

completou 50 anos de iniciação no santo, quando foi realizada uma grande festa, com representantes de todas as camadas sociais, inclusive o Exmo. Sr. Dr. Juscelino Kubitschek, Presidente da Replúbica. Nesta ocasião quem falou em nome do Axé foi Obá Otum Arolu, escritor Jorge amado.

Essa foi uma pequena pesquisa feita por mim, com a finalidade de tomarmos conhecimentos dos
fundamentos e princípios de nossa raíz de santo. Como também para não ficarmos COSSÍ-BETÓ
quando alguém falar sobre o nosso AXÉ.


Babalorixá. Wallace de Osogiyan.

7 comentários:

  1. por favor como faço pra marcar consulta com búzios com mãe regina de iemanjá? meu email é: ver25silva@hotmail.com por favor vi os vídeos e me senti muito bem ao ouvir a voz e vê-la... urgente! motumbá

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  2. Axé! se eu tinha dúvidas em relação ao axé, agora não tenho mais!
    e é neste axé onde irei me iniciar como filho de Logun Edé! Axé, axé, axé!

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  3. Nossa que história mais linda, é bom saber q meu Babalorixá, Edgar(oba biyi)também é vindo do ylê Axé Opô Aganju em Lauro De Freitas comandado pelo, Babalorixá ,BALBINO, e eu sou Ekéd de Biyi
    e iniciada de oxumarê no Ylê Axé Opô Bara Abô, em São marcos-Salvador... amei conhecer mais sobre as minhas origens

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  4. Boa Noite, meu nome é Alessandra fui iniciada em por um Zelador que diz ser do asè Opô Afonjà, tdo aconteceu muito rápido e hoje tenho muitas dúvidas sobre o que realmente a aconteceu,precisava esclarecer tantas coisas,mas é muito dificil encontrar alguém que seja honesto e que faça parte do asè.Como devo proceder para esclarecer estas dúvidas que me atormentam?

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    1. Bom dia Alessandra...primeiro vc precisa dizer em q Estado vc se iniciou...se foi Salvador, vc tem o Afonjá de lá para se informar sobre a procedência. Se for no Rio de Janeiro, o Asé fica em São João de Meriti, no bairro de Coelho da Rocha. Sou iniciado lá e qq coisa pode me ligar 8881-0155. Um forte abraço e fique com Deus.

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  5. Recentemente fiz a cabala dos odus e deu: testa 2 , nuca 8, fronte direita 10, fronte esquerda 2, centro da cabeça 10. Em todos os terreiros que freqüentei meus pais são Ogum xoroque, mãe Oxum opara. Tenho eles assentados.Gostaria de saber se correspondem com meus Odus. Aguardo retorno,ase.

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  6. Muito linda a historia do axé Opoafonjá! gostaria de saber mais..., é sempre bom conhecer nosso passado ainda vivo e nossa ancestralidade

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